DUDU SANTOS FALA SOBRE SUA ARTE E SUA NOVA EXPOSIÇÃO "FOREVER"

Posted: sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Esperando há meses a data da próxima exposição do artista plástico Dudu Santos, pois poucas vezes pude visitar uma exposição individual dele nesses anos, apenas vendo em galerias e espaços de arte, livros, catálogos, uma ou outra obra com a maior admiração e inquietação. Como acontecerá dia 10 de setembro, em São Paulo, a individual de Dudu, intitulada “Forever”, não me contive em que o artista me concedesse uma entrevista.
No inicio dos anos 80, logo após uma viagem que fiz aos USA, conheci o trabalho do artista Dudu Santos na Galeria Documenta em São Paulo. Nas galerias americanas eu já havia ficado entusiasmada pelos artistas que faziam ‘happenings’ ou usavam suportes com uma linguagem expressionista com a mistura do abstrato e figurativo. Há no seu trabalho, em minha opinião, uma identificação com a vanguarda européia das pinceladas em seus negros, cinzas e até nos vermelhos e azuis de Berlim. Todas as vezes que me deparei com a arte de Dudu Santos me transpõe a dois artistas: o artista plástico, ex-beatle, o jovem Stuart Sutcliffe que teve uma influencia dos parisienses e britânicos na abstração e no expressionismo americano e do carioca Jorge Guinle que era adepto da ‘action art’. Mas Dudu, apesar de ter sua obra única, não se curvou a ‘pop art’ como Guinle. Por essa identificação nunca mais esqueci Dudu Santos.
A obra de Dudu é inquietante, pois carregada de traços fortes em suas figuras e sua maneira gestual, dinâmica, provocante e poética. Da alegria ao sofrimento. A comunicação é imediata entre obra e expectador, sua vibração é imensa e nos conecta a luz Primordial, a luz única de Deus e seu Criador: aquela que é só dada a poucos. Assim a cada olhar nas obras ‘vivas’ de Dudu me convenço que ele carrega essa luz própria.


1-Como iniciou esse amor pela arte (trajetória)? E como classifica sua obra no atual contexto da arte? (gestual...)

Comecei a pintar em função de um raio. Nadando no Clube de Campo São Paulo com 11 anos num dia de chuva, estava no trampolim da piscina tomei uma descarga elétrica de um raio, fiquei 1 ano de cama praticamente paralisado, um dos exercícios de terapia era tentar desenhar... ai descobri minha vocação.Com 16 anos entrei para a Fundação Armando Álvares Penteado onde me formei, tive grandes mestres como Marcello Grassmann, Yolanda Mohaly, Darel, Gruber, Eduardo Sued, Caciporé Torres, etc Minha obra tomou uma identidade própria a partir de 1991/92, descobri que era um artista que faria uma arte gestual fundamentada em assuntos(pelo menos como Start) existenciais cotidianos e na sensualidade.Esta é a razão de ter feito no período de 1992 a 1999 mais de duzentas performances ao vivo ,pintando com bailarinas,músicos e modelos.

2-Fala-me um pouco sobre você, o que atualmente faz além de pintar, músicas, teatro, cinema, livros...

Hoje sou um homem mais reservado, saio pouco e gosto da minha solidão... vou ao cinema(só se for uma grande filme), leio muito e faço corridas diárias para manter a saúde...tomo vinho todo dia e gosto de uma boa mesa com um bom papo.(já esta convidada)

3-Você fez parte de um grupo? Qual foi a sua convivência com a geração 70? O que contribuiu com esse relacionamento para suas obras?


Não faço parte de grupos, tenho luz própria, mas conheço todos eles e me dou muito bem com o pessoal da década 70 e 80 e também com todos os pintores modernos que tive o privilégio de conviver já que minha mãe foi à primeira diretora do Clube dos Artistas e Amigos da Arte em 1949, nasci no meio de todos os mestres e participei um pouco da suas histórias. Portanto todos contribuíram para minha arte, bebi nesta fonte..e ainda estou com sede.

4-Produz seus quadros/obras livremente ou parte de projetos pré determinados? Esboços para se chegar à obra final?

Sou um intelectual, parto sempre de alguma idéia, muitas vezes faço esboços e muitas vezes são estes esboços que se tornam definitivos, como é o caso da série estudos que te mandei,era projeto para telas grandes, mas...

5-Considera seus trabalhos só para colecionadores, entendidos em arte, estudiosos ou a vê como popular? Pode classificar o perfil do comprador de suas obras?

Confesso que já fui um artista de uma leitura mais fácil, de 1961 a 1991 vendi, mas de 2000 mil obras, pior que considero toda esta obra (com algumas exceções) muito ruim, hoje sou um artista mais completo e não pinto mais “enfeites”, em compensação tenho mais dificuldade de ser entendido. Não sou contra quem faça uma arte decorativa até acho que tem bons valores e de extremo sucesso como é o caso de Beatriz Milhazes.

6-Você teve no percurso de sua vida artística uma influencia mais latente, ou seja,
um artista ou alguém, uma referencia?


Sim tive influencia de muitos artistas, mas o que virou minha cabeça e até me ajudou a conceituar minha obra atual é Willem De Kooning. sou um expressionista abstrato/figurativo.


7-Você foi um dos primeiros a fazer performances. Como vê o uso dela hoje?


Fui o primeiro artista a fazer uma performance pública em 1960 numa boate “Ela Cravo e Canela” pintei um nu com uma bailarina num pequeno palco com fundo de música sacra. Porem este mérito ficou com Aguilar na década de 70 e com o Granato um pouco mais para cá, eles tinham mídia e eram mais entrosados com a turma da época, eu fiquei conhecido com as performances a partir de 1993. Performance é um instrumento de soltura para o artista,ao mesmo tempo em que promove sua obra.

8-O que acha das instalações hoje? E a arte digital, acha válida, permanece?


Tudo é válido quando a alma não é pequena... porém tem muita mediocridade por ai......

9-O que acha da street art invadir as galerias, museus? Afinal é quase sempre uma arte sem formação acadêmica?E a fotografia como você a vê? Arte ou documento? E o valor dado a elas competindo com a pintura de suporte, com a escultura?

Gosto dos grafiteiros são livres e tem uma linguagem direta, porém acho que eles estão perdendo a identidade e se tornando ‘fashion”, gosto de fotos jornalísticas que clicam um momento único, acho fotografia uma arte difícil, tem que ter um olho muito agudo e muito inteligente.. senão tudo vira um simples registro doméstico e vulgar.Quanto ao mercado, bom o mercado é invenção de alguém muito hábil..tudo se vende quando é transformado em moda...tudo também é descartável em minutos, faço parte de uma construção mais sólida...um dia só....serei alguma coisa só...

10-O que acha da arte conceitual, a vanguarda existe ainda?


Conceito sempre existiu, só muda a forma de expor... não sou contra nada, só acho que arte tem que ter inteligência atrás do seu suporte ou não suporte. Vanguarda é quem da um passo para frente, tenho visto poucos passos para frente, mas tenho visto muitos passos para trás, muito artista se apropriando de “vanguardas passadas”, isto é triste e cansativo.


11-Você acha que existe ainda bons críticos de arte, ou hoje prevalece só a força da mídia-mercado?

Tem bons críticos? Acho que tem gente que escreve bons textos com 10% de idéias próprias e 90% de citações de outros intelectuais. Se isto é bom...então tem bons críticos.

12-Sua obra em algum momento foi de engajamento político/social ou seu discurso é mais filosófico, psicanalítico, sobre o homem e suas angustias (ou não)?

Mais filosófico, psicanalítico e muito sobre angústia e solidão.

13-Essa exposição que será inaugurada no dia 10 de setembro, intitulada ‘Forever’porque esse título? Fez obras especiais para exposição? É o seu momento? Você podia falar um pouco sobre ela?

Sim esta é uma exposição especial, brinco com o “para sempre”, falo do amor, do preconceito dos contos de fada... Tudo na verdade, nunca é para sempre, mas transformo estes conceitos em obra de arte e ai elas viram “Fo rever”. A escultura objeto “A morte do príncipe” é feita com brinquedos descartáveis da minha filha, jogou fora o príncipe e seus cavalos...criei então a revolta destes cavalinhos de contos de fadas que cansados de tanto servir os príncipes acabam matando seus montadores, assim como fez minha filha que jogou tudo no lixo.....mesmo que estes brinquedos foram retratados de uma forma dramática...são eternos..FOREVER!!!Transformados em arte.


28.08.2011


Entrevista concedida a
Cíntia Thomé



Expo James Kudo e Aline Van Langendonck na Zipper

Posted: terça-feira, 9 de agosto de 2011




A primeira exposição individual de James Kudo na Zipper Galeria será inaugurada no dia 13 de agosto (sábado), a partir das 12h. Em Topofilia, o artista apresenta 10 obras inéditas especialmente concebidas para a mostra, entre elas 9 pinturas e uma escultura. Até 10 de setembro.
As obras de James Kudo lidam com memória e esquecimento, matéria e ausência, lugar e deslocamento a partir da representação de paisagens. Nascido em Pereira Barreto (antiga cidade de Novo Oriente, construída por imigrantes japoneses na década de 1920), o artista presenciou a construção da usina hidrelétrica de Três Irmãos, que deixou submersa uma grande parte da cidade.
As lembranças estilhaçadas dessa cidade são o tema das pinturas de James Kudo e aparecem fragmentadas, imitando uma colagem – do mesmo jeito que funciona nossa memória.
São recorrentes alguns símbolos em sua obra: ossos, troncos infestados por líquens, pássaros, tijolos que podem ser rearranjados e construir qualquer coisa, o crânio humano e, claro, a usina – alusões ao ciclo da vida. Há espaço para a representação das fórmicas que revestiam balcões e armários à época de sua infância e das toalhas de mesa. Há algo de kitsch nessas referências e na tentativa de fazer um material passar-se por outro – uma pintura que imita a fórmica que imita a madeira, por exemplo.
Sobre este aspecto de sua obra, Marcelo Campos comenta que “James vai em busca da ancestralidade oriental, deixando, em sua arte, as marcas destes objetos de imitação, das coisas de brinquedo. Por isso, chega ao tradicional, mas encontra interpretações contemporâneas do orientalismo: plásticos, contacts, alto brilho, folhas imitando madeiras (...)”
James Kudo graduou-se em Design Gráfico pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo em 1990 e estudou na Art Student League, em Nova York, de 1992 a 1994. Dentre suas várias exposições destacam-se individuais nas galerias Laura Marsiaj (Rio de Janeiro, 2009), PromoArt (Tóquio, 2008 e 2004), Dan Galeria (São Paulo, 2007 e 2001) e coletivas no SESC Pinheiros (Realidades / Desenho Contemporâneo Brasileiro, 2011), Museu de Arte Moderna de São Paulo (Projeto Parede: Grupo Cada-ver, 2011), Memorial da América Latina (Entre Oceanos - 100 Anos de Aproximação entre Japão e Brasil, 2008), Pinacoteca do Estado de São Paulo (Nipo Brasileiros no Acervo da Pinacoteca, 2008), e Centro Cultural Banco do Brasil (100 Anos de Arte Nikkey do Brasil, 2008). James Kudo possui obras nas coleções da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Coleção Itaú e Coleção SESC.

13 de agosto abertura às 11 h
De 13 de agosto a 10 de setembro, 2011
Rua Estados Unidos. 1494 - SP


Funcionamento
Seg-Sexta: 10 às 19h
Sábado: 11h às 17h

+55(11)4306-4306







Exposição no espaço superior e Intervenção na Fachada da Zipper






ALINE VAN LANGENDONCK


Em Perto Longe, Aline van Langendonck lida com a visualidade de limites estrangulados da cidade e cria uma obra que se beneficia do residual, das lateralidades e do sorrateiro. A artista também assina a primeira intervenção na fachada da Zipper Galeria, criando uma peça da série Paisagem Milimetrada: quadrantes de tom azulado revelam grides superpostos, serigrafias sobre vinil adesivo que exibem um desenho vivo, com uma movimentação virtual pelo espaço.



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SP-ARTE NA BIENAL 12 A 15 DE MAIO 2011

Posted: quinta-feira, 12 de maio de 2011




A Feira Internacional de Arte SP-Arte 2011 acontece entre 12 e 15 de maio, com 89 galerias,no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. O evento terá exposições, lançamentos, projetos paralelos e mesas redondas. As palestras, que abordam diferentes vertentes do mercado no Brasil e no mundo, serão ministradas por renomados artistas, curadores e especialistas em arte.

O lançamento de livros contará com a presença de seus autores e artistas, e acontece no Espaço da Livraria da Travessa. São publicações de editoras brasileiras e estrangeiras sobre artistas de grande relevância no cenário contemporâneo

12 MAIO
15h Nino Cais
19h Regina Silveira

13 MAIO
15h Revista Santa Arte #7
19h Marcelo Moscheta [Espaço Oi/Iguatemi]
19h Nuno Ramos

14 MAIO
14h Julio Villani
15h Bruno Dunley / Cabelo
16h Nelson Felix
17h AVAF

15 MAIO
14h João Modé
15h Tony Camargo
17h Albano Afonso.


GALERIAS | ARTISTAS QUE APRESENTAM PROJETOS NO 2º PAVIMENTO:
No segundo pavimento estarão à mostra os Projetos Especiais, que englobam obras de grandes dimensões, instalações e vídeos.



Anita Scwartz | Carla Guagliardi
Baró | Ivan Navarro + Renata Padovan
Casa Triângulo | Sérgio Romagnolo
Dan | Knopp Ferro
Eduardo Fernandes | Eduardo Climachauska
Fortes Vilaça | Luiz Zerbini
H.A.P. | Nelson Felix
Leme | Zilvinas Kempinas
Luciana Brito | Regina Silveira
Luisa Strina | Gabriel Sierra + Marepe
Marília Razuk | Wagner Malta Tavares
Millan | Rubens Mano
Monica Filgueiras | Raquel Kogan
Moura Marsiaj | Paulo Vivacqua
Nara Roesler | Julio Le Parc
Paulo Darzé | Frans Krajcberg
Raquel Arnaud | Artur Luiz Piza
Zipper | Ana Holck
Vermelho | Marcelo Cidade
Ybakatu | C.L. Salvaro

Mostra de Vídeos - Curadoria Paula Alzugaray


PALESTRAS - MESAS REDONDAS sp-arte/projetos MESAS REDONDAS

Auditório Lina Bo Bardi | MAM
Entrada gratuita, vagas limitadas
*a entrada é livre e respeitará a ordem de chegada do público, não é necessário fazer inscrição.


12 MAIO | QUINTA-FEIRA

16h | DISCURSOS SOBRE O MERCADO
Jones Bergamin [Bolsa de Arte]
Olav Velthuis [Universidade de Amsterdã. Autor de Talking Prices]
Pedro Barbosa [Colecionador]

18h | MERCADO LATINO-AMERICANO
Patricia Sloane [Curadora, México]
Virgílio Garza [Christies NY]
Alessandra D´Aloia [Presidente ABACT]


13 MAIO | SEXTA-FEIRA

16h | COLEÇÕES EM MUSEUS
Luis Camillo Osorio [Curador, MAM RJ]
Marcelo Araújo [Diretor da Pinacoteca do Estado de Sao Paulo]
Tadeu Chiarelli [Diretor MAC USP]
Maria Hirszman [Jornalista O Estado de S.Paulo]
COLEÇÕES PRIVADAS
18h | José Olympio Pereira [Colecionador]
18h45 | Gunnar B Kvaran [Diretor Astrup Fearnley Museu de Arte Mofderna, Oslo]
19:30h | Bernardo Paz [fundador Instituto Inhotim]


14 MAIO | SABADO

MONOGRAFIA DE ARTISTA
15h | Nelson Felix e Rodrigo Naves
16:30h | Nuno Ramos e Alberto Tassinari
18h | EDITORIAL REVISTAS DE ARTE
Celia S. de Birbragher [Editora da Revista ArtNexus | Arte en Colombia]
David Barro [Revista Dardo, Espanha]
Paula Alzugaray [Editora da Revista Select]

A SP-Arte acontece no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera, Portão 3.


Local
Pavilhão Ciccillo Matarazzo
Parque do Ibirapuera, Portão 3
São Paulo, Brasil

datas e horários 2011
12 e 13 de Maio / 14h – 22h
14 a 15 de Maio / 12h – 20h




Ingressos

Ingresso R$ 30,00
Meia entrada R$ 15,00
[para estudantes, mediante apresentação de carteira, e para maiores de 60 anos.]
Aceitamos cartões de débito e crédito, dinheiro ou cheque.

Fotos: divulgação
1a. Sp-arte
2a. Zipper Galeria - S. Paulo obra de Ana Holk
3a./4a./5a. e 6a. SP-ARTE 2010 por Cintia Thomé







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Gustavo Nóbrega expõe na Zipper galeria dia 30 de abril 2011

Posted: sexta-feira, 29 de abril de 2011

Gustavo Nóbrega
De 30 de Abril a 22 de Maio, 2011 na Zipper Galeria

De 30 de abril a 22 de maio, a Zipper Galeria apresenta exposição individual de Gustavo Nóbrega, formado em Artes Plásticas pela FAAP em 2010. As pinturas de Gustavo Nóbrega impressionam ao misturar imagens sagradas com embalagens de remédio. Nestas sobreposições, o artista cria um entrelaçamento entre a imagem dos santos e a imagem das embalagens, na tentativa de somar ou mesclar os dois gerando uma reflexão entre fé e ciência ou fé e indústria farmacêutica.



Gustavo Nóbrega formou-se em Artes Plásticas pela FAAP em 2010 e durante a SP-ARTE 2010, um de seus trabalhos foi adquirido pela Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 2009, expôs no Prêmio Energias na Arte, no Instituto Tomie Ohtake. Em 2008, Nóbrega apresentou seus trabalhos na exposição Casa Vazia e na 40a anual de arte da FAAP.





ONDE E QUANDO


Rua Estados Unidos, 1494 - S. Paulo

Abertura: 30 de abril (sábado) de 2011, das 12h às 18h
de 30 de abril a 21 de maio
segunda a sexta-feira das 10h às 19h
sábado das 11h às 17h




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ACREDITE

Posted: quarta-feira, 10 de novembro de 2010


voz click

ACREDITE EM MIM

Acredite em mim
Uma única vez,
Olhe com meu olhar como te olhei
Meus pés na chuva e que dancei
No sol que partiu minha pele
Na andança das nuvens
No copo que quebrei
Acredite em mim
No disco que arranhei
Nas fotografias que rasguei
Nos olhos que furei
Nos cabelos que arranquei
Acredite em mim
Na mata que fucei,
Nas notícias sem você
Nas rosas que sangrei,
Nos dias que me perdi
Acredite em mim
Nos maços de cigarro que amassei
Nas pontas dos lápis que não cessaram
Nos papéis no lixo que joguei,
Nas paredes grandes retratos
Acredite em mim
No som de minha voz
Cansada de implorar, cansada
Aos santos, rosários, deuses, a você
A cabala desgovernada
Nos revoltos mares
No vento que me destruiu
Acredite em mim
Nas lágrimas, encharcado travesseiro
Nos lençóis menstruados
Na carne viva de mim
Acredite em mim
Nas horas que perdi, nos livros a nossa estória
No cortar dos pulsos de cada novo dia
No grito do aborto, no grito da morte
Nos fins...
Acredite em mim
Frases feitas não disseram nada
Louca, atrevida nua fiquei
Acredite em mim
Não diga que não viajei
Não quebre meus sonhos
Não quebre outra vez...
Dizendo que não te amei
Coragem...
Acredite em mim
Acredite em mim

CINTIA THOMÉ

1983/REFEITO 2008
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