₢ Beatriz M. Moura
Compulsão Diaria
O raio divide o azul
Que se acinzenta num repente
Plúmbeo firmamento úmido
Que se desfaz
Os tambores de Poseidon
Ecoam em prédios e nuvens
Labirinto luminoso que desce
Driblando as gotas
Éolo esvazia os pulmões
Levantando saias e telhas
Arremessa o pássaro em novo rumo
Nada mais voa
Despenca e corre em rios
A sujeira do ar
Pinga líquida e lava o solo
Encharcado e feliz
©Marcos Pontes
Trilha Sonora Original. (homenageou a poesia de Compulsão Diária e Marcos Pontes "Dueto", que pode ser lida abaixo:
"Dueto"
Denoraldo:
Venha cá, essa menina,
Não se faça de difícil.
Conheço tua vida e sina
Tu já se tornou meu vício,
Sei que dançou em Cajazeira,
Já cantou em São Patrício,
Arribou para Barreiras
E hoje está pro meu bulício.
Inaura:
É não, homem!
Você não vive sem ela,
Eu não vivo sem você.
Minha paixão valente
Agora é amor, meu bem.
Verdade verde conforme
Aquela tarde dentro imensa
Estrada aberta marginal
Denoraldo:
Ela é coisa que já foi
Num existe mais nós dois
Ela é vaca sem seu boi
Sou o outro do depois
É a ti que agora quero,
Meu guaiamum com arroz,
Pra ti sou home séro
Vem pra mim, ora, pois!
Inaura:
Verdadeiro amor que amo,
Querer bem sempre não é assim?
Gostar direito com seu coração no colo
Ninar seu sentimento, minha sorte
Ser chuva serena que acorda o rio,
Leva embora seu malfeito, traz a flor
E o vento fresco. Diz, então:
Vai, aventura afetuosa ser sua ela dele agora.
Denoraldo:
Santo Antônio me ouviu!
Monta de pronto na garupa
Voar pra serra como o pio
De anu preto. Upa! Upa!
Nossa estrela já surgiu
Brilhosa como niuma.
Nesse brilho me avio
Nova vida se apruma
(Compulsão Diária e Marcos Pontes)
©joe_brazuca -MMIX -sp/sp/br
Na sombra paralela
Ela caminha soturna
Lépida, silenciosa
E corta pronto
Aguardada
Desejada e alívio;
Surpresa,
Dor é lágrimas.
Não seleciona,
Como enxurrada
Arrasta a todos
Cedo ou mais cedo
Tudo se resume ao segundo
Ao instante final
Onde cessa a dor e o riso
O suor e a saliva
O sonho e a vida
Tudo para, mesmo os olhos
Só os pelos persistem
O que foi nada deixa
O cubículo e as cinzas
O suspiro e a quietude
O choro e as rezas
O tempo e o sempre
A presença e o nada
O depois incerto
O talvez do talvez
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