(...)
Começo ou esqueço + Não para de chover + As vidas vão deixando de passar + Os paralelepípedos e as onomatopeias adormeceram os passos + Há um desperdício de amor de mim + Queria alguma volta + Nada pra ver na TV + E quem disse que eu queria ver? + Cheiro de chuva é bom + Instintivamente me lava + E minha lava me escorre + Enquanto você de mim corre + Baita trovão agora engolindo tudo lá fora + Gelou a lembrança + Lembrei do meu pai + Alguém que se vai + Em mim é eterno + Preciso trocar meus óculos + Ando cega e não te vejo ao meu lado + Tem 10 pessoas online + Eu sempre sozinha + Você nunca está + Mesmo quando está + Vontade de sorvete + De morango ou Pistache + Vontade que tudo se encaixe + Tenho fome + Morro dessa fome intrínseca e intoxicante + Fome de vida que não dói + Fome de luta que se faz reconhecimento + Será que tem algo na TV que encha meus olhos de anestesias? + Preciso fazer backup + De mim principalmente + Guardar tudo o que eu fui + Eu costumava ser melhor do que eu sou + Melhor do que eu + Outro dia se finda + Ninguém me disse que sou linda + Me disseram sim que sou veneno + Amargo veneno + Doeu + Chorei minhas cicatrizes todas + As coisas são impermanentes + O acaso é aqui a qualquer instante + Faz frio + Lateja a ferida que você me abriu + Afinei o violão diferente hoje + Busco um outro som, um outro ser + Preciso compor denovo + Disfonia em moto-contínuo + Livre associação + Mas onde se escondeu inspiração? + Achei umas letras antigas + Acho que eu é que sou antiga + Queria ter conversado + Queria ter te dado o que em mim sobrou e eu abafo + Minha gata Wicca deitou do meu lado + Tudo em mim parece passado + Continua chovendo + Nada na TV + Alguém me tira esse fardo + Alguém me tira essa máscara + Alguém me tira essa roupa + Alguém me traz um café + Alguém me ama sem medo + Acho que hoje eu durmo mais cedo + Outro trovão + Aviso de explosão + Agora tudo chove + Ficou mais frio + Minha gata saiu + Vou tomar um banho + Buscar minha fonte + Dar-me algum prazer solitário e rompante + Chuva diminuiu + Meu mundo ruiu + De tanto pensar no que vou escrever acabo não pensando em nada + Saio palavras + Ensaio rimas + Melhor seria um verso em soslaio + Que dissesse ao que veio + Que não fosse tão feio + Promessas em vão + Nada mais me dá chão + Embotou o tesão + Ou é tudo ilusão + Calma! + Mais um minuto de atençao + Já chego logo ao fim + De você e de mim + Vou compensar a falta de conteúdo + Calar os meus dedos, deixá-los mudos + É tudo tão igual + É tudo tão...O cotidiano é uma farpa infincada na sola do pé...
Febril. Inflamado!
Pronto! Conteúdo instantâneo.
Me agradam as formas novas que não perdem a coesão da poesia. As frases curtas - versos horizontalizados - contam histórias diferentes de uma mesma história de abandono adulto, a contradição do amor-próprio e a falta dele, o nariz levantado e a autopiedade. É um tanto cansativo para se ler inteiro, desculpe a constatação, mas é um grande poema.
Van,
Vejo aqui e nos outros lugares onde
fala e posta suas infinitas
tentativas de cruzar a linguagem e
tenho muitas surpresas graças as
inúmeras estratégias de que vc se
utiliza. Poesia, anacronismos,
períodos com uma ou duas frases,
narrativas visuais e sonoras.
Neste aqui, meu olhar percorreu a
página à procura de letras para
formar palavras, numa tentativa de
interatividade visual mesmo. E os
sinais de + me atrapalharam. Os
caminhos do poema marcados por
esses sinais ficaram tolhidos ao
ponto de impedirem seguir com mais
prazer o poema que vc construiu.
Achei excessivos.
Pra mim é óbvio que é o sinal de
mais (+) estaria lá sem precisar
ser grafado. Faz lembrar a escrita
sem pontuação de Saramago.
Apesar disso tudo, consegui ao
final chegar ao tema que me parece
ser recorrente em vc: falar do amor
sempre e muito. E mais de dor do
que alegria, muito mais solidão do
que correspondência, muito mais pro
erótico do que para o lírico.
Muito irônica, tentando escapar do
piegas, vc é banhada por um
romantismo expressionista hard!
sua poética é uma tela expressionista que impressiona !
Aturde, ilude, confunde e tira dos trilhos, escorrega em ladrilhos, gruda nos cílios, realça e apga nossos brilhos...
O cotidiano é a prensa, as 5.30 da madrugada, numa rotina fabril, pão manteiga, café no funil,com ou sem estado febril ( pouco importa ao patrão, geralemente um mau ladrão...) gargalo de dinheiro pouco no fim do mês, mulher prenha + uma vez...
Cotidiano é o operário que nunca trabalhou, nem sequer em nada se formou, foi eleito, mentiu e arrasou, roubou, deturpou...
muito bom, mais um seu !
bj
( e a animação arrepiou...)
Marcos e Bea....O cotidiano é assim mesmo. Difícil, estranho, confuso... Chegar ao fim de cada dia exige esforço...
Aqui, meu texto cumpre o papel a que se destina, dá sentido ao título.
Cotidiano arrastado, que não passa... Se fosse fácil, não seria essa catatonia repetitiva do dia-a-dia.
Pronto. Cumprida a missão da poesia.
Beijos, queridos.
JoeDemais essa animação né? Da música nem preciso dizer nada. Do teu comentário tampouco. Obrigada, baby.
Ainda refletindo.....
Algumas poesias não são mesmo de fácil digestão.
Van,
não se trata disso. Digestão ou não. E sim de leitura.
Seus mais me atrapalharam.
Simples assim
Cara Compulsiva, companheira de enfermidade
como portador de esquizofrenia afirmo que o sinal de positivo operante "certo chefia" no poema em questão é obviamente proposital. Pois trata-se evidentemente de um erro inconsciente e natural do personagem narrador, talvez quiçá um morador(a) de rua (que troca mais por mas) servindo tal sinal como processo unificador de seus pensamentos desconexos que, são o cerne do texto. Assim, tal sinal não só Não obstaculariza ou dificulta de maneira alguma a compreensão do texto como é claramente imprescindível p/o entendimento do estado psicótico e alucinado do(a) personagem narrador(a), magistralmente criado pela artista poeta.
Dr. Beleléu (interssante o nome. Será?! Ao beleléu leu a leitura. Mas assim, olha só:esquizofrenia é quadro pra quem PODE não pra quem quer. Deste modo reverencio sua condição esquizo, altamente valorizada na pós-modernidade. Luxos aos quais não posso atingir dada minha simples e prosaica condição de neurótica. Feliz ou infelizmente passei pela fase edípica e fui castada e, por isso, não entendo a 'lógica" esquizo. Até entendo mas não compreendo.
o texto da Van não me parece assim como diz o nobre especialista que se auto-diagnostica e tanto explica que mais confunde meu limitado pensamento ancorado numa subjetividade neurótica. se preferir, devir neurótico.
quem leu e se sentiu atrapalhada pelos sinais fui eu. Se ao sr/sr[a os sinais ajudaram, nortearam bom pra também.
Saudações neuróticas (desculpe a limitação).
Esquenta não fia
um dia C chega lá, como diria uma d minhas queridas médicas e "fisólofas" Dra. Epifania: d "norozis in norozis damus vortas e vortas intornu das lampidas pra chegar a ...ó lugar ninguno"
Apesar q... quem nasceu pra neurótico pode nunca chegar à esquizofrênico
Mas não desânime nobre companheira d confusão mental. Com vontade, esforço e dedicação tudo é possível. Se não, ao menos imaginável...
Bjos alucinantes