Dia de Vênus em tua cozinha
Onde lavas manchas mortais
E assumes teu território
- Ágil Speranza -
De ternuras enfurnadas
No calor da massa que fazes para mim
Atrás de nós, o pôr-de-sol
Nas taças de cristal
- clepsidras tintas -,
Sirvo alma em vinho escuro,
Deito óleos, perfumo a casa,
Acendo madrepérolas
Enquanto apuras molho pardo,
Sou tua luz de lótus fálica
Tu, sabor maduro, és alimento
Vermelho-carmim tenaz comida
Homem ilha, acolhes meus naufrágios
*Speranza, ilha de Robinson Crusoé
Imagem: Pink Peony, por GFletch
Milton Nascimento - Cais
Você misturou a crônica de um jantar romântico om as imagens de uma galeria de artes plásticas causando um cacofonismo visual - ô, metárora velha, sô. Não gostei, por exemplo, de "flor de lótus fálica", mesmo havendo uma inversão normalmente agradável. Vale a originalidade, mas a figura não me parece agradável. Outra imagem ultrapassada, daquelas que Borges daria uma espinafrada, é "és meu pão". Você poderia fazer algo muito melhor que isso. Aliás, você já fez muita coisa melhor que isso.
Ok, Marcos
Eu não disse flor...disse luz.
Gosto da crítica. e vc faz a boa. eu gostei deste poema . Troco o pão por alimento? Melhora? Afinal, qdo pensamos isso aqui - poesia aberta - era, exatamente, pra mexermos nos poemas uns dos outros. Calhou de vc apontar metáforas batifas bem no meu. Ok. Vou alterar pão por alimento.
Vc tá rindo porque estou um pouco irritada. mas a gente fica mesmo. normal, poxa! O que não tira a minha lucidez pra sacar que vc tem razão...pão é foda!;))
Depois vc vem e diz se tem mais coisa pra mudar.
só mais uma coisa, Marcos: tô lendo mesmo o Borges - Esse ofício do verso - excelente. Acho que vc deveria ler tb. Todos deveriam. qdo eu acabar te empresto, ok?
E no livro ele diz de metáforas batidas,. cita , inclusive que poetas utilizam as mesmas desde os gregos: mulher e flor, rio e tempo, olho e estrela e por aí vai.
eu fiz o poema hoje, depois de ler e , ainda assim, fui óbvia . Pra vc ver que é difícil mesmo. Ah, o Broges cita Lugones que inventou um Lunário sentikental com mais de 100 metáforas diferentes pra lua.
Pra vc ver que eu me esforço. By the way, foi o Guto Leite - grande poeta, exigentíssimo que me sugeriu o livro. ;))
Valeu, Marcos...bate, crioulo, bate! rsrs...gosto muito da boa crítica. diga o que mais posso modificar neste Sexta-feira. O poesia aberta tá aqui pra isso
Opa! Viu? Nem sempre sou um bom leitor. Desculpe por ter trocado luz por flor, são os condicionamentos da leitura, acostumamos à conexão de lótus com flor, como se lótus e flor estivessem intrinsecamente ligados. De qualquer forma, continuo não gostando da imagem.
Trocar pão por alimento ajuda, sim.
Sei que tem poeta talentoso e estudante de poesia elogiando esse poema, ótimo, talvez, e provaelmente, eles têm muito mais razão na crítia que eu, além do mais, gosto é coisa altamente subjetiva, enquanto técnica é objetiva. Você e eles opinam pela técnica mais que pelo gosto, e eu, como um ignorante em técnicas, só conto com o gosto para opinar.
E pelo meu gosto, você tem coisas muitos melhores que esse poeminha pra mostrar. A propósito, "poeminha" foi proposital, para diminuir o poema mesmo.
Seduzido ou sedutor?
Cadinho RoCo
Mais uma pintura das suas
abstratas, impresionistas e/ou coisa e tal...
suas pinceladas sempre me comovem, num tem, nem tomo jeito...
Mais ou menos azuis metafóricos, alguns vermelhos rebuscados, sempre um ocre aparentemente sóbrio...
Gosto dos seus amarelos que sempre me vem muito singelos...
suas telas são de puro cânhamo, poetisa...
( não sei se tem acento esse cânhamo, mas...vá lá...rsrs)
abs
Cadinho, não entndi a piada;))
Hey, Joe!
Obrigada. Muito obrigada.
Eu adoraria ser artista plástica, vc sabe. Mas, arrisquei na oesia e vc é um dos que me incentivam. Outro dia recebi uma c´ritica sincera : de que só falo de coisas muito pessoais, referências tão pessoais que o leitor fica boiando. E eu me esforço demais pra que isso não aconteça. Então, seu elogio me alivia um pouco mas , por outro lado, me deixa insegura.
Outro amigo poeta - nosso colega do Poema dia disse: não elogie o poeta porque estraga a poesia dele. Mas eu adro os seus elogios. Juro. sinto sinceros.
siamo pazzi, noi. ci parilamo della nave va;))