Arranco da morte
Vida rubra lembrança,
Sangro a palavra,
Disparo prazer perdido,
Volto em código,
Cifro olhares
Armados na crista do sorriso
Cresço
O dedo em riste no gatilho,
Disparo deleite antigo
- Bela da tarde -, vivo
Deformando o percebido
Só pra valer, escrevo
Reclamações ridículas
Aniquilo anedotas,
Desvaneço certezas,
Engulo o passado em pílulas
Limpas, loucas
Arrepio no cerne do incerto,esqueço
Notícias, uma por uma,
Deslizam nas vidraças
Nos espelhos
Lembro, derreto e passo
Sobrevivo
Na gaveta da infância,
Adormeço abraçada no ontem
E o corte presente
Em carne marcada,
Sedada na sala de estar,
Agrava o acento de um desejo
© Compulsão Diária
A poetisa é contraditória como qualquer um, faz sorrir e estraga a piada; atrai e repulsa; encanta e se esconde por trás das letras. Gosto por demais desse poema.
sério !...Freud explica ( e pergunta...)
me fez lembrar do(s) Bergman, os dois (Ingmar e Ingrid):
O diretor e a atriz (em "Cenas de uma casamento" e Casa Blanca, respectivamente...)
(apesar do "Bela da tarde", remeter-nos a Buñuel e a lindíssima, pra la de, Catherine...)
Contundente e labirintico, "comme il faut"...